top of page
Buscar

Quitutes e histórias

  • Foto do escritor: Mara Cornelsen
    Mara Cornelsen
  • 9 de nov. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 14 de nov. de 2024



Clauba Mendonça, 44 anos e a filha Mayla, 26, se completam feito feijão com arroz. Sócias num negócio de docinhos e salgados, muito mais do que aguçar o paladar, levam alegria por onde passam. Certo dia, no salão de beleza, em Shangilá (Pontal do Paraná), eu dava um jeito nos cabelos quando irrompe pela porta uma lindíssima "cupida", de alvas asas angelicais, arco e flecha, e uma cesta de guloseimas para vender. A menina era só sorrisos e estava fazendo uma apresentação temática pelo Dia dos Namorados. Um charme total!


Passados alguns meses e a situação se repete. Eu no salão e Mayla aparece para vender seus quitutes, desta vez maravilhosamente caracterizada para o Halloween (Dia das Bruxas), data muito comemorada pelos norte-americanos e que faz brasileiros torcerem o nariz, protestando pela importação da festividade. Mas, isso é assunto para outra hora.


A riqueza da produção da personagem, maquiagem e adereços, chamou muito a atenção. Aí tem coisa, suspeitei. E fui atrás da história. Meu faro de jornalista não me decepcionou. Há sim uma história linda, de luta, garra, superação e reinvenção. Mãe e filha passaram por poucas e boas, mas nunca desistiram de estudar, buscar trabalho gratificante e correr atrás dos sonhos.


Clauba tem quatro filhos (Mayla é a primogênita). Anos atrás passou por um divórcio complicado. Em busca de paz e qualidade de vida, colocou os filhos na mala e se mudou para o Litoral. Pretendia montar uma Casa de Chá que iria levar o nome de Vó Joaninha, sua própria avó. Porém o mar não estava para peixe e os projetos não deram certo. Guerreira, ela enveredou por outros caminhos. Formada em Artes Visuais, foi atriz, palhaça, produtora cultural, contadora de histórias, professora, trabalhou na Prefeitura e se virou nos 30. Trabalhou inclusive em São Paulo, na Fundação Casa, com jovens infratores durante três anos (período em que os filhos ficaram com o pai).


Com tantas andanças as crianças cresceram e foram tomando rumo. Mayla era barista num shopping de Curitiba, quando ambas decidiram voltar para o Litoral e retomar a ideia da casa de chá. Novamente a coisa não vingou. Grana curta, alugueis caros, e pandemia. O jeito foi trabalhar em casa. Começaram a fazer "comidas afetivas, aquelas que lembram a casa da vovó, que trazem boas memórias. Vieram bolos, docinhos e salgadinhos feitos com capricho.


Nesta altura juntaram a fome com a vontade de comer. Melhor dizendo, a gastronomia com a arte. Fundaram a 'Quitutes das Artistas' ou apenas @quitut.a como está no Instagram. A mãe na cozinha, a filha nas vendas e ambas na criação das roupas, maquiagem e adereços para cada data comemorativa. No dia a dia Mayla usa seu uniforme cor de rosa, que já é um encanto (ia esquecendo de contar que ela é estudante de Moda).


Desta forma, quem estiver pelo Litoral - de Praia de Leste ao Balneário Atami - corre o risco de, assim como eu, ser flechado por uma cupida cheia de histórias para contar. E ainda por cima saborear receitas clássicas de doces e salgados, que respeitam a sazonalidade dos ingredientes, e curtir uma "surpresa", um doce ou um salgado diferentão, que produzem para justamente surpreender a clientela.


Confesso, estou ansiosa para encontrá-la no Natal.


 
 
 

1 Comment


rpaiter
Nov 14, 2024

Elas são incríveis, conheço de perto a história delas e recomendo muito... São mulheres de muita garra, um verdadeiro exemplo para Pontal do Paraná... Tenho orgulho de ser amigo próximo dessas queridas 😍

Like
bottom of page